Descontemplamentos
Quanto tempo, quando tempo viajei em busca de naus à deriva, de canoas furadas e barcos tombados à beira de mares secos e vazios?... Quanto tempo naveguei desertos sem oásis e caminhei por vales de sal sem fim... até desapagar-me de mim... até sentir o nada me desconstruindo inteira... Quanto, quanto tempo andarilhei minhas mãos em retrocessos e trovões de descontemplamentos? E quantas e quantas vezes, me perdi na inutilidade das esquinas ou me deixei levar por paradoxos sem nexo, sem a lógica do viver e da busca do conhecimento e da luz?... Não posso mais me deixar cegar... quero ver o caminho e a verdade amplamente... e, se for mais uma vez possível, me vestir de novos paradigmas... para desabilitar o descarrilhamento cotidiano dos tesouros de vida que me são dados, todos dias, nos jardins de meus sonhos - mãos de aprendiz - acolher...