Branco carmim
Hoje eu queria ter vestido branco, quem sabe amanhã eu use aquele vestido solto branco. Quem sabe eu até use aquela blusa branca de viscose, com finas listras verdes combinando com a justa calça branca. Hoje eu queria ter vestido todas as cores que tivessem o poder de transformar minha tristeza na razão, àquela, que vem lhe dizer que hoje eu teria que me vestir de vermelho.
Hoje eu queria ter vestido branco, mas o carmim é a cor do sangue que me faz resistir, renascer e sobreviver aos negros dias que sombreiam minhas razões. Hoje eu queria ter vestido meu corpo com a cor que habito em ti, com as preces dos verdes sedas que tocam nossa alma, hoje eu queria ter vestido as nuances dos louvores, em oferenda ao teu amor.
Hoje eu queria ter vestido branco, quem sabe amanhã eu use aquele lenço branco em volta do pescoço, caído sobre os ombros nus e olhos molhados de carmim. Hoje eu queria ter vestido os sonhos que sonhamos envolta das cores que criamos, dos desejos que tingimos e tatuamos em nossas almas. Hoje eu queria ter vestido branco, mas quem sabe amanhã eu lhe vista com a alvura de mim.
Flávia Arruda 03/08/17