uma confusão dos diabos!

Uma confusão dos diabos essa vida. Um tumulto só. Desajeitada toda. E essa cidade de pernas pro ar. Esperneio. Me jogo no chão. Jogo sujo? Uma anti-dama eu. Tartaruga de casco no chão, barata de barriguinha pra cima, desespero de vazio e não solução. Nem adianta que a vida não faz minhas vontades não. É o necessário me posto no colo quando eu era ainda pequena e agora que sou grande, bem grandona, me de-paro com uns pedregulhos no peito, tipo gelo baiano, pedras de Síisifo, atirados de longe...eu cumprida de pernas com desajeito de corpo e a cabeça essa medusa maluca de cabelo couve flor e nem ajeito que não gosto do pente puxando o couro porque dói. Tudo me dói como se homem levando chutes no saco. Espora a vida. Deixa eu ser quem sou. Diferente assim. Pé plano , uns voos de garça cortando crepúsculos, pata de cavalo brabo tramando chão, cabeleira pro alto. Olhos de opala. Maciços. Coração feito de oceano azul cigano. Maré tá cheia. Subindo mais. Saliva as rochas. Saliniza a noite. Salmoura a vida. Quase me afogo. Engulo mar de água. Garganta arde de sal. Palavra sai urdida arranhando tudo. Os olhos inchados já. Aluada. Amalucada. Tô grávida de golfos. E ilhas. Peixes me adentram. São cardumes por entre as pernas. Sinto cócegas desde criança. Os pensamentos são como luz do sol mergulham n'água e vão no mais fundo desvão de mim onde me entrego toda. Aí é que é água viva - inverno traz na beirinha essa queimação de ser eu , enguia elétrica serpenteando à boca- e mais, quando volto sinto arderem-me os corais. Essa chafurda toda, esse redevu quase vodu de pensamentos, sensações e emoções fazem biruta a puta aqui. Cata-vento. Canto aos ventos minhas tempestades, meus desalinhos. Descosturas. Devaneio. Delírio alucinado. Redemoinhos. Torvelinhos. Secas e Sumidouros. Vida que é uma cigarra esganiçada até estourar!

Depois, silêncio da luz.

Alessandra Espinola

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 04/08/2017
Reeditado em 08/08/2017
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