Asa Morena

Voltei a tomar o Neopromazina;

Não porque, eu estava sofrendo, mas porque, estava sem dormir.

Li um texto da Helena Ferreira que me emputeceu muito;

Te acordei e pedi para nós sentarmos:

- Marcela.

- Fala.

- Você me ama de verdade?

- Alguém lhe falou besteira, de novo?

- Não. Só pra saber.

- Mas agora?! Preciso trabalhar amanhã. Eu estou com sono, filho.

- Não tenta me minimizar me chamando de filho. Você me ama ou, não?

- Não tô te minimizando. E eu, te amo, sim. Fique tranquilo. Larguei tudo pra ficar com você. Marido, moro longe do trabalho e tudo por sua causa. Que prova tu queres? Esse comprimido tá te fazendo devanear.

- Você largou tudo por minha causa ou, por quê você me amava?

- Pelas duas coisas. Larguei tudo porque eu te amo e porque, você precisava de mim. O que aconteceu? Me fala.

- Besteira, morena. É que eu li um poema sobre ''liberdade sexual'' e, senti um aperto no peito enorme.

- Você de novo, lendo esses poemas feministas?! Você precisa sair dessa informação virtual. Sábado eu tô de folga. Vamos pra praia com as crianças? Vamos comer merluza com batata frita como você gosta, tá?

- Eu te amo muito, sabia?

- O quê? Fala de novo! Não escutei.

- Eu te amo muito, Marcela!

- Me dê um abraço.

Em três anos de relacionamento com a minha morena, nunca tinha dito isso pra ela. - Por esse medo estranho de me entregar.

- Vamos dormir. Te sinto cansado, menino.

- Como eu vou dormir sem as drogas? Vou ter abstinência.

- Não vai, não. Te agarrarei bem forte. Deite na minha barriga que te faço um carinho.

Eu nunca tinha obedecido Marcela e nem minha mãe, quando ela falava isso;

Eu sempre voltava pra tela do Computador pra escrever algo.

Mas naquela noite, resolvi obedecer;

Me senti seguro;

Feito um menino que olha pela primeira vez;

O andar de uma moça.

Ela me deu um beijo e me disse:

- Boa Noite. Tenha bons sonhos... Shiu.... Shiu... Tá tudo bem.

Naquela noite, eu me senti menino, novamente;

Senti um amor que nunca tinha sentido.

Senti um calor muito além da transa;

Senti o calor do amor:

- Bom dia, meu amor... Acorda.

- Ainda são 03:00, Marcela...

- Mas preciso preparar teu café e advinha o que eu comprei!

- Rosquinhas de côco?

- Acertou, miserável! Venha, tome comigo.

- Claro.

Tomei o melhor café da minha vida. - Ela além de comprar rosquinhas, ela comprou flores para colocar na mesa. - Me senti especial:

- Vou trabalhar. Durma um pouco, quando começar o programa, te ligo.

Já são 9:00 e eu, acordei sozinho. - Ela parece meu despertador:

- Oi, amor. Tá acordado?

- Acabei de acordar. Vai começar, né?

- Sim. Me elogie no Twitter. Quero saber se estou linda hoje.

- Você está linda sempre, minha asa morena.

- Adoro quando você me chama assim... Tenho de ir. Beijo.

Seu olhar parecia preocupado, mas não fiz nada que me ferisse;

Você sabia disfarçar bem sua preocupação e conseguia seguir.

Você voltou à tarde e tudo aconteceu como acontecia, antigamente;

Você foi pro Twitter falar de novo do Neymar, discutiu política e dormiu.

Acordou às 19:00, me fez café e me pediu pra ficar.

Nossos dias podem ser a mesma rotina;

Mas nossas noites, sempre são e sempre serão...

Metal.

Victor Gonçalves
Enviado por Victor Gonçalves em 04/08/2017
Código do texto: T6073770
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