Amor que cura.Amor que machuca.

Há amores que machucam.Há amores que curam.Esta última afirmação pode parecer uma contradição,pois o amor e a dor são sentimentos ligados de forma intensa.O amor que cura,todavia,é uma face cujo benefício consegue sobrepujar a inseparável dor.

O primeiro,acima de tudo,consegue tirar o indivíduo de sua realidade medíocre e elevá-lo à um plano perfeito,dotado de prazeres e felicidades chamadas antes de “inalcançáveis” ou “utópicas”.Garante sua autenticidade como ser e sua satisfação com seu papel no mundo terreno,não necessitando de pressões impuras para mudar o próprio funcionamento.Torná-o perspicaz,tira-lhe o venenoso medo e concede-lhe a coragem sagrada.É capaz de acordar talentos inimagináveis.Pode fechar as mais horrendas feridas e cobrir as mais grotescas cicatrizes.Congela os mais devastadores incêndios causados pela raiva e some com as cinzas fedendo a ódio.E,mesmo que a saudade se faça presente,ela é minimizada pelos seus rastros em forma de memórias.

O amor que machuca,por outro lado,é um tormento.Ele puxa o indivíduo para debaixo da terra gradativamente,extirpando o ar de seus pulmões,condenando-o a uma vida abaixo da mediocridade.Corrompe o ser e polui sua essência,fazendo-o se enojar consigo mesmo.Engana seus sentidos,obrigando-o a procurar prazer e satisfação com algo inalcançável.Eleva os seus defeitos,a ponto de reduzi-lo a um verme.Queima a pele,corta a carne e inflama feridas e cicatrizes adormecidas.Infesta a mente com a mais selvagem raiva e o frio ódio.E a saudade se mostra como uma tortura.Uma crise de abstinência,necessitando desesperadamente do objeto de desejo,como uma viciante droga.

É incrível o quão benéfico e o quão perigoso pode ser um único sentimento.

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 01/08/2017
Código do texto: T6071515
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.