O CHAPELEIRO DO AMOR

Reeditada

Há muitos anos passados, uma história perdida no tempo, quase caída no esquecimento, havia um jovem bem apessoado, jovial e contente, vivia sempre a cantar, com seu bandolim a tocar, viajava numa espécie de carroça, toda fechada, parecendo um trailer atual, era uma verdadeira casa ambulante, que tinha tudo que precisasse, puxada por lindos cavalos brancos. E, nesse local, bem equipado, limpo e asseado, levava uma vida, confortável e sossegada, que vendia chapéus femininos, de todas as marcas, modelos e cores. Fazia longas jornadas, conhecia todas as estradas, viajava nas noite,enluaradas e estreladas, para se livrar do calor e do cansaço.

Tocando seu bandolim, quando chegava a uma freguesia as mulheres sabiam que o chapeleiro do amor estava chegando e, logo iam se ajuntando, ele todo solícito com os chapéus nas mãos , logo ia dizendo, hoje trouxe mercadoria estrangeira, artigos de primeira, por uma pechincha, se não puder pagar troco por uma jóia não precisa se preocupar. Muito conversador e sobretudo, namorador, de loiras, ruivas ou morenas, mulheres altas ou pequenas mas, não levava nada a sério, era benquisto, casamento não estava previsto, logo em disparada,logo, desaparecia, ia para outra freguesia. Sempre usava a mesma tática, elogiava as moças solteiras, com muitas brincadeiras, e agradava, também, as mães com balas e pirulitos para as crianças, que faziam umas festanças.

E, com o seu jeito brincalhão ganhava muito dinheiro amarelado e perfumado, das matronas, das donzelas e, com a burra cheia de dinheiro, lotada ia ele pela estrada, cantando com o seu bandolim, para buscar mais chapéus, andava de- déu-em-déu, por esse mundo, vivendo ao leu.

E, nas conversas de botequim sempre dizia:

—Sou um solteirão inveterado, namoro todas as moças, não imagino um dia eu casado, dentro de casa fechado, vou ficar amalucado, sou um grande folgazão. Adoro esta vida de namorador e paquerador, tripudiar e enganar as donzelas, moças humildes dos lugarejos, reconheço que é uma maldade.

Há muitos anos passados, o chapeleiro sumiu dos povoados, não se tinha mais notícias do desalmado, mas tinha alguém que sabia, que com ele tinha conversado e lhe disse:

—Eu não esperava, de pescador fui pescado, por uma linda jovem de olhos amendoados e esverdeados, de cabelos caracolados, pelo cupido fui flechado, hoje sou um homem casado feliz e por essa “feiticeira do amor”, estou enamorado, por ela apaixonado, agora casado. adoro viver fechado, disse ainda:

— Moro numa bela casa, bem construída e espaçosa, com uma horta e viçosa, um grande quintal com muitas árvores frutíferas, um jardim bem cuidado, vivo sossegado, tenho muito dinheiro guardado, eu estava enganado, agora adoro esta vida de casado, de viajar estava cansado.

— Eu já tenho três filhos, o mais velho com dez anos sabe de toda a história, disse querer quando crescer, como eu ser: um chapeleiro do amor...

Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 28/07/2017
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