Felicidade Fulminante
Quando a felicidade toma seu ser e tudo fica tão colorido. Você escreve, ouve pássaros, delira com a poesia da música e vibra a alma de intensa adrenalina.
Quando tudo lhe causa curiosidade, principalmente aquele olhar que inspira e fascina pela profundidade do enigma.
Em meio a esse sentimento, abraços não são possíveis e o olhar não fixa por mais de dez segundos. Há algo que afasta. Não posso sentir seu calor, seria perigoso.
Você sabe e finge não saber. Isso protege. Por que tudo isso é tão interessante?
Sinto que o vôo não durará por muito tempo e o canto da poesia se esvairá.
A eminência do desaparecimento poético causa-me um medo inexplicável, como uma morte que pode chegar a qualquer instante: fulminante.
O êxtase da felicidade que domina por completo meu ser, causa-me medo. Antítese de Camões, o fogo que arde sem se ver, a felicidade medrosa, a inspiração e o declínio, a curiosidade e o desinteresse.