naufrágios

insustentação da matéria. a cabeça vagando no naufrágio. mortos refluem seus corpos para cães marinhos.

nadar! diz meu amigo em noites de naufrágios. Nadar!

fragilidades de algas que não se rasgam nem a força da arrebentação. espumam na superfície à violentas ondas. in_tempestivos ventos.

a cabeça zonza de tanto pensamento. as extremidades enrugadas de frio.

a corda do barco arrastou-se pelas mãos até sangrar e arder de sal. vermelhos também escorrem por entre as pernas. me emano toda. líquida. me dissemino no ventre das águas.

e desovo o que perpassa por dentro de mim. flutuações de destroços arqueológicos. memórias agônicas se debatem e transbordam à superfície do olhar.

julho-2017

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 25/07/2017
Reeditado em 25/07/2017
Código do texto: T6064426
Classificação de conteúdo: seguro