naufrágios
insustentação da matéria. a cabeça vagando no naufrágio. mortos refluem seus corpos para cães marinhos.
nadar! diz meu amigo em noites de naufrágios. Nadar!
fragilidades de algas que não se rasgam nem a força da arrebentação. espumam na superfície à violentas ondas. in_tempestivos ventos.
a cabeça zonza de tanto pensamento. as extremidades enrugadas de frio.
a corda do barco arrastou-se pelas mãos até sangrar e arder de sal. vermelhos também escorrem por entre as pernas. me emano toda. líquida. me dissemino no ventre das águas.
e desovo o que perpassa por dentro de mim. flutuações de destroços arqueológicos. memórias agônicas se debatem e transbordam à superfície do olhar.
julho-2017