Quisera
Quisera morder um dia de outono como se fosse fruta madura
Macia, tenra, convidativa, sem pressa, comendo-a como se fosse a vida
Saber onde ela acaba e recomeça
Com vontade, intensidade, e por que não com uma certa insanidade, loucura?
Quisera também devorar um satélite e sair desbravando o planeta
Em torno de mim mesma, abraçando o mundo sem pressa
E deixar que um milagre imenso e profundo aconteça
Transformar as angústias em chuva de meteoros, ah como essa ideia eu adoro!
Quisera o outono fosse para sempre e nunca chegasse o inverno
Também, pudera, o futuro que espero é uma grande quimera
Tenho uma ansiedade latente, de ver tudo acontecer,
Quisera ser imortal, eterna,
Mas minha existência é tão efêmera,
tenho preguiça de morrer.