O meu eu.

  Eu sou apenas um verso triste rabiscado na folha branca de papel. Um verso qualquer sem importância, que nunca será lido... Nunca.

  Eu sou apenas esse par de olhos negros e cabisbaixos, sem brilho e nem expressão, sem direção, caminhando ao léu.

  Eu sou essa pessoa triste que se fingi de alegria, que coloca um falso sorriso no rosto para a alegria da plateia que me cerca, sou esse fantoche de sorriso largo e coração dilacerado.

  Eu sou qualquer coisa inútil e sem importância, aquilo que não tem mais proveito, que se joga fora depois de muito se usar.

   Eu sou passos vagos na escuridão da noite fria e sem luar. Estou em uma caminhada sem fim, sem destino certo, sem vontade de chegar, sem vontade de voltar.

  Eu sou este poeta que se esqueceu de viver, onde o coração bate por bater, e a alma já não quer mais sonhar. Desventurado e incompreendido, talvez exagerado, mas na dor sentida no peito, eu bem sei o que sou de verdade.

  

     Eu desejaria não mais estar onde estou, e não ser quem exatamente eu sou. Quisera eu ter asas de águia, e voar céu acima até doer minhas asas, voar o mais alto possível.

     Eu desejaria nunca ter conhecido a ciência dos homens, eu não quero mais sentir tanta dor em meu peito, por esse amor sem jeito, amor que nunca me amou. Quisera eu, ter entre leitores, um disponivel coração a me amar completamente.

    Eu desejaria que os dias passassem rapidamente, e que os dias da minha vida fossem abreviados em apenas alguns segundos. Minha vida sem sentido, é como o verso sem rima, sem ritmo e sem métrica. Quisera eu, ter os teus beijos, ao menos uma vez, amor que tanto amei, amor que não me amou.

     Eu desejaria nunca ter existido, e não ter conhecido as palavras, e não ter conhecido o amor, e não ter ciência da minha própria existência. Quisera eu, amada leitora, colocar em tuas mãos, a dor infinita do meu coração, pulsando cada vez mais forte. Mas sou apenas letra, ideia, conjectura. Eu não sou nada desejando sempre um pingo de tudo no oceano desta minha alma.

 

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 22/07/2017
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