NUNCA ESTAMOS SÓS

Palavras têm força, especialmente se apanhadas em pleno voo, como ocorre na maioria dos casos. Assim os afetos permanecem em nossa memória: ampulheta e pergaminho expostos ao sol, aos ventos e à chuva, só pra que os dias permaneçam bafejados pelas rememorações. O homem é, em sua essência espiritual, signo verbal e memorialismo. Alguns perpassam porque souberam criar sortilégios e captar possíveis verdades passíveis de entendimento por muitos. Assim se perfectibiliza nossa passagem por este plano de etéreas estações para quaisquer voos. A rigor, nunca estamos sós, porque somos um e vários ao mesmo tempo. Uma conjunção de tempo, espaço e público entendimento dos vetores de cada resfolegar ou o bafejo do que foi posto em nossas mãos. E o coração dita a sua canção de medos e futuros. Assim vejo a nós como seres pensantes: baratas voadoras grávidas de temores devido aos sapatos que nos esmagam...

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/6059128