Transito

Transito

Não falava mais, emudeci, rebaixei o dito nos soluços da luta inglória da qual evadi. Vivia com os rabiscos jogados nos trilhos da cabeceira da vida, havia deixado a rima, as estrofes vazias pedindo letra, o amor, a flor, o sorriso maroto.

Até que, da pressão no invólucro físico do coração, veio o chamado, como corredeira invadiu o peito, e dali migrou para o juízo, e não parou mais.

Canto, regozijo na solitude dos dias na cantiga sem voz que brota, e junto germina versos; de amor, de dor e sabor. Preteridos restaram os estragos, ficam à margem, às vezes carrego como na automação, sem apegos e intimidades.

Vercejo junto àqueles que desistiram do rito, da reta, da meta. Trafego sem intimidades. Carrego flores.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 12/07/2017
Código do texto: T6052722
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