Um novelo de lã tem duas pontas

seja lá no que for: empolgação. mesmo nas lágrimas é preciso haver um toque impulsivo cujo disparo pretenda alcançar o ápice. em particular, não vibro muito de lá e cá num mesmo soar de cordas. tenho isto pra mim: seja lá ou cá, um para cada vez. e muito. e forte. e todo assim como uma explosão. no riso, excedo por falha no sentido óbvio do estado de conter-se. não é claro? eu prefiro empolgação. se acontecer de conter a si, um buraco negro, você sabe, as coisas realmente encontram um vão para se dissipar. veja a luz, um bom exemplo. é isto que vejo. o mornar dos dias é desleal como a pátria-ideia de felicidade. não: empolgação. até na dor mais inquietante, na flor sem perfume, na falta de chuva nos dias nublados. não quero o pluralismo não efetivado de várias guias abertas. quero ler um livro só. página por página, desvelá-lo. uns dizem de mim que faço drama, outros me chamam lunática. eu limpo as lentes dos óculos enquanto a vida fica engraçada no meu astigmatismo pagão. há poeira demais também em meus olhos, me deixe sorrir, enfim.

Taíse Dourado
Enviado por Taíse Dourado em 12/07/2017
Código do texto: T6052347
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