RECOMEÇO
Quando disse que recomeçar seria fácil?
Nenhuma vez dos meus lábios ouviu tal dito.
No entanto, urge como o ar, absoluto
Não nascemos para vivermos em balões.
Precisamos respirar o ar puro saído de nossos pulmões.
Quem disse não precisar de maestria para isso?
Precisamos de toda aceitação que o Universo deposita em nós, a fim de prosseguirmos.
Não é fácil, tem seu tempo, enxugamos lágrimas após termos cansado, quase adoecermos.
De que vale isso?
Talvez o momento em que precisemos nos libertar, passar, digerir, aos poucos, como um alimento que há muito não nos cai bem e insistimos em nos deliciar.
Contudo, haverá de ter um alimento que não nos seja nocivo,
que não nos cause tristezas mais do que alegrias.
Talvez nem tenhamos sido a ele apresentados, mas disso, se encarregará o destino, Deus, ou o que quisermos nomear.
Há inúmeras possibilidades do lado de fora do sofrimento, sendo a mais interessante darmos um tempo para nós mesmos, um socorro, nos tornarmos íntimos de nós, da esperança, da fé, da aceitação ao que vemos e nada mais podemos fazer após nossas mãos estarem sangrando de tantos os cortes sofridos, ferimentos recorrentes.
Nem a morfina dá jeito em suas imensas dores.
O bom é que o tecido se regenera, e ficam umas muitas cicatrizes, não diria poucas, porém, são pequenas, quase imperceptíveis, sempre lembrando de que foram necessárias.
Recomeçar é ter um fôlego de vida, é se sustentar num fino galho, contudo, forte, é estar aberto ao novo, respeitando a si e ao outro, é dar nova chance ao que os olhos ainda não veem, é repaginar da cabeça aos pês, um interior disposto, pode ser tímido enquanto luz, provavelmente o será por muitas luas, entretanto, raiará como o sol, cintilará como o brilho das estrelas, viverá um ciclo de lua-crescente, cheia, pronta!
Abrirá a porta, fitará o céu e descobrirá que nem tudo é mar!