Em espera
Estou cansada, estou enjoada, estou eu, só eu
Muita loucura, muita confusão, muito barulho
Tudo está muito, não quero muito e nem pouco
Quero nada concreto, quero nada discreto
Quero nada complexo, quero nada simples
Quero escapar de tudo, quero me ausentar de tudo
Quero paz, quero o silêncio do meu silêncio
Preciso da solidão, preciso da minha solidão
Preciso arrumar fatos e alinhar sentimentos confusos
Preciso organizar tudo e calcular valores referenciais
Preciso de escalas para definir o que fica e o que vai
A minha confusão emocional está carente da minha atenção
Apaixonei-me por mim outra vez, paixão exagerada
Não me apaixono por outra pessoa, mas só por mim
A paixão e o ódio me cansam demais, então os dispenso
O ódio e a paixão requerem muita energia e tenho preguiça
Quem eu deveria odiar, morre para mim sem deixar lembranças
Nem sei apaixonar-me por outra pessoa há muitos anos
Eu amo, simplesmente amo e é um amor intenso e permanente
O amor não cansa, não exige, não tumultua: é calmo e silencioso
A lista dos meus amores cresceu; agora são muitos
Queria amar mais não; estou repleta de amores absolutos
Mas não decido amar, o amor acontece e se instala dentro de mim
Quero mesmo tomar um banho de chuva e outro de estrelas
Nada lava mais minha alma que um banho de chuva, uma tempestade
Nada me encanta mais que um banho de estrelas que iluminam a noite
Estou observando o céu esperando vê-lo com cara de chuva
Tenho olhado a noite na esperança de ver estrelas, mas está nublado
Jamais vi uma estrela cadente, nem sei como é, não consigo imaginar
Gosto muito do chão, sempre preferi o chão e há motivos óbvios
Sem chuva e sem estrelas, permaneço esperando; um dia elas voltam
Por enquanto o silêncio e minha amada solidão fazem-me companhia