MOMENTOS IDOS E VINDOS
MOMENTOS IDOS E VINDOS
A maré era testemunha de sonhos.
Sentado na amurada da Ponta da Praia a olhar, a correnteza, navios em direção ao porto, catraias carregando gentes, pescadores amadores, pedras repletas de baratas do mar, verdes em contraste com azul, ondas ao longe que beijavam areias, linha do horizonte com fim, sonhava com nadas. Aqueles momentos de correnteza eram tudo. A visão do mar sempre intranquilo, do céu com nuvens irrequietas, a espuma fugaz das ondas, o balançar dos verdes pela aragem de maresia, o navio partindo carregado sem saber o destino.
O destino naqueles momentos eram devaneios, sem qualquer sentido ou cronologia, apenas quereres, que o futuro, quem sabe, faria realidade. Hoje, já no futuro, os sonhos não estão a beira-mar, em terra firme ainda ocorrem, mas são menos volúveis, que aqueles ao sabor das marés.