Amarelo palha

Um olhar desfocado pro nada

Com, no fundo, um por do sol

Uma velha pomba grisalha

Nos leves e lentos piscares

Uma viagem no tempo

No rosto uma brisa no agora

No caminho das primeiras manhãs

De um passado de portas abertas

Diferentes recortes de álbum

Imagens pousadas em asas

Nas páginas da mesma libélula

Despertam o abrir do caminho

E atropelam a sombra da porta.

Do cheiro de fubá torrado

Com a fumaça que serpenteia a panela

Um sorriso aumenta por perto

A perna se cruza apertada

Uma criança esfrega as canelas

Nas meias em xadrez desbotado

O aconchego do mingau no colo

.Dali, o aviso esperado

Com as mexidas uniformes

no caracol da colher de pau

Pra descanso na madeira ao lado

O creme na cuia de barro

Presente da casa da avó.

Engolindo o vazio conduzido

Para avisar a garganta da festa

E suspirar levemente o desejo

Aproveitar melhor o sabor

No morno do sopro com os lábios

Tocando a pele do prato

Era tempo de crise de fato

E o doce era o manjar dos gigantes.

O mingau era um curau

E fazia da vela candelabro

e da lâmpada um nobre castiçal