Necessário
Observei muitas guerras internas e sangrentas
No silêncio olho a crueldade de guerras pessoais
Guerras que gritavam tão alto que me ensurdeciam
Lutas íntimas e sangrentas que me ensurdecem ainda
Há um caminho de pedras que precisa ser trilhado
Sempre o caminho doloroso é rejeitado a princípio
Num instante, mesmo que demore, é feita a travessia
Atravessa-se mesmo não querendo e renegando o fato
Após o percurso a realidade é vista de forma inegável
Não é mais possível negar verdades, aí a trégua chega
Demora um tanto para habituar-se a paz tão esquecida
É difícil aceitar; sei pois fiz a travessia várias vezes
Teimosa que sou, refiz o mesmo trajeto até a exaustão
Quis muito me agarrar às minhas lutas interiores
Tão mais simples conviver atada as ilusões sobre mim
As minhas verdades doem tão menos, tão senhoras de mim
Observo guerras tão semelhantes as minhas, mas só olho
Sei por conhecimento sobre mim e outros onde findará
Também sei como parece seguro tais brigas violentas
Sei que é devastadora a dor da travessia necessária
Caminhar só se inicia quando há diálogo interno e franco
Conversar e se escutar abertamente tem nada de simples
Depois não tem volta para o aconchego das velhas fantasias
Desfazer-se do baú inútil não impede que outro o substitua
Problema nenhum, cada um sabe o que de melhor lhe cai bem