SHANGRILÁ
Tivesse eu aqui agora uma nave espacial,
Embarcaria rumo ao futuro para um ponto incerto,
Sem provisões, sem malas, sem documentos,
Em direção ao buraco negro do firmamento.
Levaria comigo uma porção de frutas do conde,
Talvez, dez garrafas de água mineral imantada.
Buscaria um local onde houvesse paz e mais nada.
Um lugar onde pudesse sonhar acordado,
Em um castelo no alto de um monte congelado.
Longe das areias brancas
De praias como Copacabana,
Distante das elites e das plebes urbanas.
Degustaria um champagne bem gelado,
Ouvindo a oitava sinfonia de Beethoven,
E não os repetidos retumbar de rojões,
Disparados por castas de ladrões,
Que tragam fumaças nos dilacerados pulmões,
Viciados miseráveis na nicotina e no ópio.
Tivesse eu aqui agora uma carruagem dourada,
Não faria outra coisa a não ser dizer adeus,
Para o passado, para o presente e para os meus.
Iria viver no futuro, em um país chamado,
Felicidade... um Paraíso Perdido pertinho de Deus.