Cinco da Manhã

Quero a objetividade dessa ruidosa chuva

Que nunca avisa, é simplesmente intrusa e urge

A gente que se molhe e se enxugue

Embala sonhos e faz também despertar

Como eu agora, que em minha cama, perdi o ar

Senti seu poder, confusa e sobressaltada

Achando que um trovão havia engolido minha madrugada

Às cinco, não minto,

Mas que nada

Se hoje é domingo, não há lida nem enxada

Só a poesia

Que é como a liberdade, sempre querida

Ainda que tardia

Depois para mim mesma sorrio,

Discretamente

Viro-me para o lado

Divago

Agarro o cobertor quente,

Porque faz frio

Peço ao poema para me aguardar

Pois então...

Enquanto houver uma réstia de escuridão

A última estrela poderá me inspirar...