PRIMEIRO DE JULHO
PRIMEIRO DE JULHO
O que mais temo ao escrever é perder a capacidade de me surpreender com o que escrevo.
Acredito haver um risco muito grande em tornar sistemática a inspiração de quem redige por vontade, não por profissão. Sinceramente, não me interessa escrever para ganhar meu pão, embora não julgue quem o faça. Melhor explicando, acredito saudável para as letras de modo geral que nem todos os escritores se encaixem nalgum gênero comercial ou estilo acadêmico. Escrever bem seguindo receitas de sucesso não me interessa...
O que procuro na escrita é outra coisa. Evidente que busco ser lido, mas não me ocupo de escrever livros ou artigos para venda. Embora acredite na pertinência dos meus alfarrábios, não os tenho como essenciais na vida de ninguém ou espero por aplausos para o esforço de enchê-los de manuscritos.
Envio meus textos como se mensagens de náufrago em garrafas ao mar. Torço para que leiam e gostem, mas não escrevo para agradar ninguém.
Apenas não quero jamais escrever cerebralmente como quem faz palavras cruzadas ou resolve equações matemáticas.
Nem intelectual puro nem diletante artificial, como poeta me desejo sempre um inquieto.
O mais é vaidade.
Betim - julho de 2017