RECAÍDAS.
A recaída é muito difícil de ser vencida, a constante lembrança que fica martelando dentro da alma, atormentando o coração, sem dizer no desejar; descontrolado e impaciente desejar, pensamentos desmedidos cheios de imaginações vãs, onde mil situações de amor são possíveis de acontecer, mesmo que seja somente no imaginário humano.
A recaída fere no mais profundo da alma, dilacera o coração, dilacera o peito desventurado, busca no vazio infinito a profundidade de um olhar. Ainda existe o desejo mesmo sem querer desejar, ainda existe o sonho mesmo sem querer sonhar, somos marinheiros solitários no oceano dos sentimentos lúdicos, navegando no poder da imaginação, levados por uma força estranha, um querer sem compreensão, desentendido e sem limites.
A recaída leva ao desequilíbrio; o desequilíbrio fica entre a emoção e a razão, entre o querer e o desistir, a vida tem necessidade desse equilíbrio, o universo como um todo mesmo em constante mudança, tem necessidade desse equilíbrio perfeito existente em toda a natureza. A vida gira sem parar em uma sincronia de perfeição e equilíbrio, a recaída do homem causa o desequilíbrio de seu próprio universo interno, alma e coração ficam fora de sintonia, à consequência é que tudo que o cerca padece com sua recaída e o seu desequilíbrio. Somos a própria inconstância, Somos o próprio desequilíbrio, Somos o medo, Somos o nada querendo tudo, Somos a imperfeição, Somos a nossa própria ilusão, mas na verdade, Somos apenas um sopro.
Enquanto a nave do planeta gira em busca do amanhã, tentando equilibrar-se, somos o contra peso desta terra, a impressão negativa da matéria, um amontoado de nada, contaminadores deste mundo, cheios de recaídas e recomeços.