Evaporo-me

Quantas vezes caí e depois levantei?

Pergunto-me então, em quantos desses tombos quem saiu a caminhar foi carcaça enquanto a essência ali ficou, jogada pela rua, sangrando nua sob a luz da Lua?

Quantos tropeços não foram em meu próprio ser, que encontrava-se no chão, amontoado?

O que move essa pesada peça enferrujada?

Parti tantas vezes, em tantos lugares, em meio a frações do tempo... Então, o que respira? O que pulsa?

Quanta água pingando desse vaso rachado? Enxerga as poças pela estrada? Compunham-me. Refletem o céu, mas estão no chão. E agora evaporam.

Quantas gotas ainda restam dentro de mim?

Quanto falta para sumir, por fim?

Veja: carcaça,

Máscara.

Apenas ausência.

Onde ficou a essência?

Esparramada pelas calçadas.

Aquela casca levantou-se e pôs-se a caminhar

E lá a deixou, no bueiro a derramar...

GISS
Enviado por GISS em 30/06/2017
Reeditado em 09/07/2017
Código do texto: T6041300
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.