ENTRE O CÉU E A TERRA

ENTRE O CÉU E A TERRA.

Existe em mim um pouco de tudo;

Se ainda como raiz finco no solo os pés, chegará o momento que como os galhos de árvore os braços levantarei aos céus; Se hoje ainda me nutro do solo e recebo mais o que me oferece a matéria, é crescendo em meu ser que a essência liberta das amarras da terra absorverá apenas o que alimenta a alma;

Mas é em receptáculo frágil e findável que como vaso de barro que o tempo em pó transformará, que germina a semente plantada no âmago, onde as raízes são rasas, onde o solo é escasso para estrondosa árvore, e há apenas espaço para quem sabe uma muda de flor;

Não nos permite o tempo sermos Carvalho, porém, nesse breve espaço ainda é possível florescer, e mesmo que nas agruras dos dias as folhas e pétalas venham a cair, aceitando a dor das podas da vida voltaremos a crescer;

Então, chegará o momento de partir, após cumprirmos esse ciclo e oferecido a possibilidade a outras mudas, onde a beleza do jardim da vida se perpetue e a magia do perfume se espalhe... para que o balé das borboletas que um dia em nós pousou possa continuar.