Escrever para não esquecer.

"A gente tem que escrever, senão a gente vai esquecer!" Ouvi umas mocinhas dizerem. A frase foi seguida por nomes de meninos.

Sobre o que se tratava, não sei; menos ainda, o que aguardava os pobres ou sortudos meninos. Mas, de fato, "a gente tem que escrever, senão a gente vai esquecer".

O que é o instante depois que passa? Passado, ou talvez, nada. Escrevendo, se eterniza tudo: o passado, o agora que já é passado, o futuro, o sonho, a saudade etc., e o que mais quiser. Quis eternizar essa frase, e o fiz. Sempre que tornar a ler, terei a sensação do instante passado mais o instante presente, e surgirá algo novo em mim.

Enquanto caminhava pensava: "preciso chegar a casa e escrever! Senão, vou esquecer!" É sempre assim, a inspiração vem do nada; atravessando a rua, subindo uma escada... Eu não posso escrever, não tenho papel. Não tenho caneta. Tenho o celular, mas há situações em que não dá pra parar. A frase das meninas, escrevi enquanto andava pra não correr o risco de esquecer. Depois parei, e a sensação que eu tinha era que não podia perder nenhum verso ou frase. Foi uma tortura ver os versos surgindo e ter de evitá-los... não poder condensar meu sentir. Comecei a pensar em coisas aleatórias, para não pensar no que tornou-se esta prosa e não correr o risco de perder nada! Mas, tristemente, pensei e versejei e não pude escrever... Agora, saíram frases parecidas, mas não com aquela essência do instante da inspiração, da recordação. De qualquer forma, consegui escrever, não vou esquecer.