Balanço do tempo
Não sei se perdi o tempo ou se o ganhei
Tento descobrir em elaboradas fórmulas
Ao amar eu perdi o tempo numa inutilidade
Ao amar eu ganhei o tempo numa beleza infinita
Ao amar não vi mais as horas sequencialmente
Ao amar me integrei no espaço e fui parte dele
Ao amar perdi todos os rumos e encontrei novas direções
Fui premiada com a capacidade de sonhar absurdos
Perdi a ingenuidade de que poderia ganhar
Fiz girarem dados viciados em novas cambalhotas
Não apostei em mesa alguma fosse qual cor fosse
Descobri o que havia dentro de retângulos perfeitos
E deixei de reconhecer circunferências óbvias demais
Desci e subi diversas vezes por triângulos místicos
Escorreguei entre risos por vidros límpidos, translúcidos
Não sei se perdi o tempo ou o ganhei
Sei que conheci bondades jamais notadas anteriormente
E fui conhecedora de mentiras que me rondavam há anos
Perdi, ganhei, ganhei e perdi numa sequência inconsequente
Só o amor é capaz de trazer a inconsequência lúcida
Só o amor tem a necessária seriedade lúdica para amar
Pesando, medindo e analisando tudo, concluo que ganhei
Ganhei o tempo e mais que isto; tornei-me mais íntima
Mais conhecedora de mim e isto sempre foi e será conquista
Haja o que houver, aconteça o que há de acontecer
Existindo algo a mais, saberei um pouco mais quem sou
Talvez possa ser a peça que preencha o quebra-cabeça
O meu...