Arritmia
Há dias e noites em que tropeço em mim. Perco de vista a paz e reencontro o caos. Há dias e principalmente, noites assim. Noites em que me apego ao calor de fantasmas, em que seguro em nós do passado, ilusões. O sol irreal se põe e percebo então, com o escuro me deparo. E está tudo bem. Posso não ver a lua ou sequer enxergar as estrelas hoje, porém, sei que lá estão, em algum lugar além da minha limitada visão. Estou só sentada aqui, não pense que caí. Espero a próxima música para dançar, não estou vendo o tempo passar. É apenas uma pausa, extensa, mas não infinita. Uma pausa até que algo comece. Por favor, não me apresse. E assim sigo, sem luz faço meu improviso. Passos para trás são por vezes, inevitáveis, ou insistentemente, sempre. No entanto, isso não me faz ser lamentável. Deixe-me aqui, a sorrir ou a chorar, fluir. E aí, salto, giro, gingo. Componho minha própria melodia e coreografia. De força e coragem disponho para que os pés bailem, em meio ao frio, com ou sem chão. Samba, valsa, contemporânea...Na dança de corpo e alma, com suor e lágrimas. E mesmo que torto esse caminho, vôo pelo destino, fora dos trilhos, em meu ritmo.