1987
o secreto mais repleto com as boas memórias, eu imprimi em papel colorido e arabescos. mas o viço das cores iniciais, ao longo do tempo, começaram a mostrar os sinais de envelhecimento, por causa do uso constante e da imprudência no manuseio. nas bordas, as mini-dobras agora denunciam que foram lembranças intrusas que insistiram em desvelar, ali, o que seriam somente ilusões. visíveis, já, são os sinais do gasto. o medo e a desesperança, como pingos de azul de tornassol, são manchas que, aos se espalharem, vão revelando as partes codificadas do mapa com tanto esmero, trancadas a tantas chaves em meu sonho. no entanto, eu ainda me agarro fielmente às sobras da estamparia alegre que resistem. e, entre uma ilha e outra ainda não invadida pela terrível frieza desse mundo líquido, procuro um cantinho onde me abrigar.