"Conte até dez..."
Já é a quinta ligação...
Minha mente funciona de forma mútua, em busca de uma desculpa, pois não posso só dizer "não".
Então decido ir, me arrumo.
Ponho uma roupa legal, faço uma make bacana e até me sinto um pouco animada com a ideia de sair daquela cama.
Ando de um lado pro outro, sento no sofá, olho no relógio.
Balanço as pernas, vou ao banheiro.
Entro e paro em frente ao espelho.
Sorrio... É forçado.
Repito o ato.
E mesmo assim todos parecem ser ensaiados.
Talvez realmente sejam.
Então ouço a campainha tocar, meu sangue gela e o meu coração parece disparar.
Fico em silêncio e sem perceber que estou prendendo a respiração.
Quero me mover, ir atender, dar à eles... Sei lá, ao menos uma explicação.
Mas não consigo.
O pânico toma conta e então não ouço mais ninguém do lado de fora, sinto o corpo relaxar ao ter certeza de que já foram embora.
Então sinto-me desabar novamente.
Eu juro que queria ir.
Sei que preciso sair, pois não dá mais pra viver apenas dentro do quarto, convivendo com essa vontade constante que eu tenho de deixar de existir.
Hoje o que me resta são amigos, que de mim... Aos poucos abrem mão.
Hoje sou só um corpo largado no chão, em lágrimas, depois da crise, recuperando-se da vazia exaustão.
Queria pedir ajuda, mas quando penso que posso ser livre... Aquele sentimento triste, vem e me toma pela mão.
Não é comodidade... Só a banal ansiedade acompanhada da solidão.