A Ousadia da Escrita
A artimanha de comprimir “prédios” em sete letras; “aviões”, em seis e, quem diria, o “céu”, vasto céu, em três. Ousada! Abalou o “inabalável” com suas míseras dez pecinhas.
Como ousa você? Amar ao “inamável” e dar-se ainda ao trabalho de classifica-lo em todas tuas possíveis grades do conhecimento? Agora está lá, tão amável quanto as outras.
Ainda mais, como pôde? Enclausurar os dotes do “infinito” ante a uma jaula, a palavra, que tem o descaramento de haver início, meio e, acreditem-vos ou não, tem fim. Mas que ultraje! Poderias ser acusada de caluniosa!
És incontrolável, fluida e, sobretudo, instável. Ainda sim não perde o “curso”, que já se perdeu e não chegou nem mesmo entre as dez mais em tamanho. É o “rio” que culminou em tuas três misérias. É a “chuva” que despencou para as cinco. Mas não te preocupas, não é? Afinal ainda é a “vida”, que se ergueu para as quatro letras e aos quatro cantos de nossa terra.