MORO PERTO DA LUA
Ninfa bela e formosa
Se expande em imagem límpida, nua
De mim se avizinha do outro lado do céu
Vira minha cúmplice no mesmo condomínio
Ela se despe e vai avançando pela janela
Faz de mim seu escravo sensual
Com seus trejeitos provocativos
Ativa meus instintos lascivos
Depois sobe
Sobe altiva, feroz, dantesca feito uma ogiva
De lá, do seu dominante horizonte
Olha-me com sisudez e desdém
E me empurra pela imensidão desconhecida
Eu mergulho nos espasmos sensuais
Do vigésimo andar
Seu quarto crescente, oh poderosa Lua
Revela teu espectro pela cortina esgarçada
Vislumbro a ilharga inteira tua
E no meu quarto vou decrescendo de desejo
Te fito toda emoldurada de concupiscência
Teus seios e teu colo libidinosos
Cuspindo em minha tara
Torna meu pequeno quarto crescente
E fico a noite inteira a sonhar
A estremecer tocado pela polução
Desperto e vislumbro a janela do vigésimo andar
Do outro bloco em frente
Onde mora a bela bailarina Luna.