O último impulso pela vida
Lançado em águas profundas. Não sabe mergulhar e emergir das profundezas turvas. E ainda se submergisse, como encontraria o caminho nessa correnteza tão confusa? A força das ondas o pressiona para baixo, para o fundo. No abismo submerso tudo é vago. Ele não vê o caminho. Não vê a saída. Não se vê a salvo. Porque ali onde ele está ninguém mais pode enxerga-lo, pois - quando veem - só poderão ver o sacudir das águas. Ninguém o ouve. Ninguém entende. Ninguém além dele pode sentir aquele momento. Então a fraqueza e a tristeza o paralisa. Pensa em desistir. Submerge...
Mas, por um segundo, o medo de encarar a morte o faz, novamente, sacudir os braços. Recebe um impulso. É preciso subir! É preciso tentar! É aquela vontade incompreensível de viver. São as lembranças do que foi ou do que poderia ser. É o instante em que se luta por mais uma chance. Sim! E por mais que as águas não sejam rasas, nem limpas ou claras, viver é a resposta. A reposta para a única pergunta que lhe importa naquela hora e que lhe impulsionou para cima, para a vida, para a superação! É o porquê de não desistir, de reencontrar o folego, o ar perdido na queda...
Lançado em águas profundas. Este é o pensamento humano em depressão, que clama pelas mãos de quem possa agarrá-lo e levá-lo para cima nesse último impulso pela vida, pelo amor, pelos sonhos. Não questione a causa, a queda, o sacudir das águas. Se quer realmente ajudar, estenda a mão. Socorra!
Para que este último impulso não seja de fato... o último!