BROMÉLIAS BRANCAS
Entre mim e você está a boca do mundo aberta, bocejando poesias, espalhando pétala-perfume num inocente jogo de bem-me-quer.
Enquanto isso, no olho do furacão de Vênus, essa coisa medonha plasmada pelo torpor do medo traga todas as minhas certezas.
Devagar ressuscita meus fantasmas, aparentemente fúteis. Fustiga estrelas que, suspensas nas frágeis asas das horas, dão à luz à flor da vida.
Branca, branda, bromélia muda! Sem máculas, passado ou futuro. Apenas perfume decantado na impalpável pele nua da memória.
Essências essenciais resvalam do vórtice inexorável dos sentimentos puros, tingindo-os de púrpura vivo.
Vivo sangue róseo espalha-se pelo branco da minha saia rodada...
Valsa meu olhar no teu e, no avesso do que poderia ter sido, morrem sonhos no ventre estéril da esperança.
(Edna Frigato)