Pode entrar
Ao frio,
Odeio você.
Odeio você, do fundo daquilo que sou até cada fio de cabelo que tenho.
No entanto, a porta está aberta, pode entrar. Nem peça.
Sopre em cada canto de mim.
A chama se apagou, não há calor para roubar.
Nem faísca resta.
É meu único hóspede por fim.
Faço questão de sentí-lo navegando em minhas entranhas.
Estranha ando, então insisto: finja ser meu amigo e achar graça.
Vamos conversar com calma.
Beba minha alma
enquanto viro cachaça.