"Boi, boi, boi...boi da cara preta..."
São cerca de 14:00h do dia 30 de maio de 2017. Acabei de niná-la para que dormisse mais uma vez em meus braços. Adormeceu, meio que acordada, olhando-me com olhos de despedida. Tão linda, tão frágil. Semblante meu e dela de tristeza. Luta de dois anos em que me entreguei para que não nos separássemos. Noites insones, noites de agonia.
O mundo lá fora não conhecia meu sofrimento. Já nem sei mais em que mundo vivo. Onde estará você a esta hora? Do outro lado da vida, sentindo-se, com certeza, mais aliviada das dores que a transformaram num anjo especial para mim.
Quinze anos de convivência feliz e fiel.
Sei que agora ao chegar ao lar não verei mais seu ar de contentamento, abanando a cauda para demonstrar-me todo o seu amor para comigo. Começo a viver nesse exato momento a angústia de sua ausência.
Lutei, lutei, e muitas das pessoas não entendiam as minhas palavras. Muitas não sabem e nem conhecem o amor de um cão fiel. Eles não têm sentimentos para entender a grandeza dessa fidelidade.
Sobrevivi atrás das cortinas que escondem os corações humanos. Os animais ensinam-me a viver fora e dentro desse mundo real. Eu os enxergo muito além do meu coração.
Mel, querida, você deixou rastros em minha vida de amor, abnegação, carinho e, sobretudo, felicidade. Como caminhar sem você? Sempre haverá um ontem para atormentar-me e alegrar-me. Paradoxal? Não! É miscelânea de sentimentos que me envolvem nesse momento de dor.
Parece que ao longe ouço seu latido de tristeza chamando-me para perto de você. Não há mais volta. Eu estou aqui do outro lado, rezando por mim e por você. Minha doce e querida Mel, saudade que fere fundo - a única dor que causou em mim durante a nossa convivência aqui na Terra.
"Escrevo para tentar aliviar a dor da partida da minha cadelinha Mel."