Inverno
Ah, esse frio que chega assim de repente. Chega a doer aqui por dentro... Parece arrancar com a mão, o coração da gente... Parece que a qualquer hora, vai cortar em dois o nó da garganta e a lágrima...
Bem que esse frio poderia ser por conta da nova estação do ano que se aproxima... Mas bem sei que não é. De fato, Inverno, ainda não chegaste por completo, mas, esses dias tenho me sentido assim como tu, fria como o tempo, gélida como o vento rascante que sopra a favor do mar... Há tempos venho observando que, se há um inverno acontecendo, não é lá fora que está...
Dizem que o Inverno é tempo gelado, tempo de aconchego. É quando chegamos mais pra perto, requerendo carinho, aquecimento, atenção. Pra mim, como em qualquer tempo em que a alma grita e necessita, é hora de se isolar, recolher-se, procurando refazimento. Meu inverno, como em qualquer outra estação do ano, foi feito pra sentir tudo o que tiver de sentir quieta, calada, sozinha, na minha.
Certa vez, me disseram que quanto mais rigoroso o inverno, mais perigoso ele é. Faz mal para o corpo, traz tristeza pra alma. E no fundo é verdade mesmo... É por isso que preciso resguardar meu sentimento. Defendê-lo, trancafiá-lo às sete chaves para não vê-lo machucado novamente, vertendo lágrimas, sangrando aqui por dentro...
Deus sabe como é difícil não querer sentir o que se sente lá no fundo. O quanto machuca tentar apagar o que arde feito brasa dentro da alma... Deus sabe o quanto é rigoroso o inverno quando se ama e não é amada...
Mas, que bom, Inverno, que enfim chegaste. Vê se agora te aconchegas em meu silêncio e serves como pano de fundo a esta minha solidão.