Inspiração do claustro.

 

            Seminário de Arujá, lá estava eu, um solitário a espreita, escondido entre as largas paredes de tijolos vermelhos; no corredor imenso e silencioso seminaristas iam e viam de cabeças baixas e com suas longas batinas arrastando pelo chão. 

            Lá estava eu, com o coração e a alma dividida, de um lado era a carreira eclesiástica, já do outro; lembrança latente daqueles belos olhos, daquele ser angelical, a formosura nas curvas de uma mulher, doce veneno, doce pecado que me tirava a paz.

Lá estava eu, 

A meditar na escuridão da noite, 

Rabiscando no pensamento, 

Versos de um amor juvenil. 

            Lá estava eu; por fora; a veste negra de um aspirante ao sacerdócio, já por dentro; um poeta atormentado e um coração apaixonado, lutando ferozmente a se libertar das cadeias religiosas. 

            Na tábua do meu coração eu riscava meus primeiros versos de amor, sem tinta e nem papel, solitário a luz do luar e ao brilho das estrelas de Arujá. 

            A mesma lua e as mesmas estrelas que testemunharam aqueles momentos de angustias, é a mesma lua e as mesmas estrelas que hoje testemunham as palavras que agora escrevo, antes eram lágrimas nos olhos, agora, apenas uma lembrança no papel.

Lembranças que ficaram, 

No baú da memória, 

Tudo passou e mudou, 

Nada restou 

Foi tudo embora. 

Doces lembranças, 

No baú da memória. 

 

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 11/06/2017
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