A realidade e o sonho dos versos contidos.

Não quero escrever de forma pensada ou com rimas...

Na verdade queria escrever um poema, não nego, mas estou sem paciência para ordenar, seja o que for; quem dirá, meus sentimentos. Vamos ver o que sairá disso.

–Admirei

Abracei e

Suspirei–

Saí do ambiente que ecoava sua voz, e o ar era o mesmo pra nós dois. Enquanto caminho, é como se acordasse, vou em direção aos muros da realidade. E esse tempo que corre, entre o sonho que se deu, e minha realidade, é no mínimo, torturante.

–leve-me contigo

Há em ti algo como um portal

Deixe-me dormindo

Quero descansar dessa realidade–

Não sei bem o que tenho escrito ou dito. Às vezes tudo soa tão confuso dentro de mim. Repito muitas palavras, falo muito do mesmo assunto.

–Mas há algo no mundo

que inspire mais que você?

Há algo no mundo

melhor do que o amor?–

Sei que poderia falar de coisas ruins, outras coisas reais. Talvez eu escreva de forma mal-arranjada, por só falar de amor, mas nunca gostei de poetizar política, ou morte, por exemplo. Falo de política sempre, e de morte, também, mas quando penso em poesia, penso em coisas alegres. Da flor murcha, vejo a beleza da saudade dos tempos de vividez; não falo de sua morte, propriamente. É como se eu vivesse presa em uma era ultrarromantica. O eu lírico que há em mim, domina tudo enquanto sinto. Sinto eu-liricamente. Estou justificando-me, eu sei; tenho esse hábito. Mas como disse, não sei bem como estou agindo: se certo, ou errado; sei que em algum momento perdi o controle. As palavras saem timidamente, perto de ti... Elas saem confusas e espontâneas demais. Tenho medo do que meu eu lírico possa vir a te dizer. Tenho medo de como minha alma se revela por meus olhos, ao olhar pros teus. O eu lírico que há em mim não se apraz ao te ver. Ele tem alma, e não tem calma; talvez se chame Pessoa. Sinto tanto que não sei dizer o que sinto. É tudo, e é nada. Tudo, porque é um turbilhão, e nada, porque quem garante o que é real? Só o que sinto é real. Mas se o que sinto é platônico, nem isso de realidade eu tenho. É tudo um sonho. Não há muros, e há; eu os construí mentalmente, o que me leva novamente a questionar o que é realidade.

–Vivo um romance

um romance com a vida

e deixo aqui, notas sobre ele

nada além disso–

Tudo que me encanta, vira uma nota; tudo que perturba, vira uma nota; tudo que me move, me atina, vira nota. Toda uma mistura dos fatos com as letras, que ordenadas em versos, viram qualquer realidade! Isso é tão fantástico! Há um poder enorme na escrita.

–Escrevo e crio uma nebulosa

Dentro dela há planetas de

interpretações

estrelas de ideias

luas de reflexões

e o infinito!

É inimaginável–

Comecei aflita, essa prosa, mas agora, sinto-me um pouco aliviada; minha alma lembrou-se vagamente do que é calma, meu coração pensou no significado da palavra razão, mas minha minha mente, permanece perturbadamente intacta. Escrevi, e certos sentimentos que estavam transbordando, deixaram de ser um acúmulo. Acúmulo nunca é bom na gente... Mas o resultado é bom: os poemas e prosas. Mas enfim, quero dizer que escrever me fez pensar quão real era o que me afligia. E percebi que estava no nível de realidade poético, e sendo poético, continuará realidade no papel, ou na sua tela, mas em mim, parte se foi.

Passaram-se alguns minutos e depois da euforia, sinto agora, a melancolia...

– E torna a vontade de voltar a dormir

porque sei que existe um sonho

mas não queria que existisse...

Ou não queria a realidade–

Não sei. Não encontro sentido. Como disse no início, não estou capaz de ordenar nada. Poderia ficar dias aqui, e não conseguiria. Mas a Lua cheia está linda no céu; talvez ela seja real.

Obs: Se há erros, desculpe; texto grande, lido e relido, mas sempre fica algo, rs.