E agora, Náufrago! O que fazer!!??(4)
Nesta seara contaminou a própria alma da cegueira de si, perdeu a autoimagem. O medo instaurou morada em seu interior, dominando todos os canais de saída e entrada para o afeto. Estava fracassado na tentativa de se encontrar neste mundo "do cão”.
A lógica ditou: “Não tem jeito! nem por aqui, ali, lá ou acolá, não deu. Inferno, a noite escura da alma se instaurou, nestas alturas estava no auge da idade adulta.
Fez profissão atuar como camelo, burro de carga, levava tudo para dentro, até mesmo a razão do Sr. Nincas, engolia. Às vezes rugia como leão, cada vez menos, o território que conquistou para estar estava contaminado. Na carga, encontrava material corrosivo e tóxico, sem falar dos explosivos, armas, de ataque e de defesa.
O arsenal completo nem usava mais depois de certo tempo, mas estavam ali. Na luta, interna e externa, não se via mais o viço da batalha com ele dentro, a guerra era silenciosa, embaçada, seu olhar carregava o peso do entulho interno.
A beleza da juventude, o vigor dos músculos e da pele que serviu tantas no auge da mocidade, estava esbranquiçado pelo desencanto, o amor não o convencia mais, sexo, agrados e carinhos, nem a paciência para ler uma boa história ou assistir um bom filme o segurava para degustação. Tornou subordinado dos próprios sentimentos que teceu, decretou a própria escravatura; servia às emoções que criou e deu vida.
Resumiu assim: comia, bebia, realizava, comprava, vendia, escolhia, palpitava, mas era para obedecer a ordem interna do “ego imperador”, não seu gosto. Esta entidade criou forma e começou falar mais alto que a Alma, como que possuída, amordaçada por “forças estranhas”. O ego “incorporado”, aliado ao desejo “viciado”, ditava e não tinha jeito, obedecia, e a luz indiferenciada, mesmo como lamparina debaixo do velador, ofuscava sinalizando vida.
O que seria sua Alma? como sabia que estava ofuscada? “abafada” pela guerra sem rosto que se estabeleceu na superfície de si? O Náufrago não se achava, vivia nos dias, inadmitindo conceitos, sugestões, somente a sobrevivência nisso tudo era seu objetivo primeiro.
Estava em “alto mar”. Ninguém o via.