Não me faça de louca.
Não amigo, nada disso.
Você, afinal, pegou na minha mão.
Medite mais um pouco sobre sua clareza.
Antes de condenar a sanidade alheia.
Tenha metas, métodos, medo.
Faz bem ter ambição.
Mas pense bem, que bicho te mordeu? Bicho-grilo.
Certamente não fui eu.
Não terá sido seu coração?
A garota aqui é confusa.
E bota confusão!
Mas não viajei, não surtei, não acreditei em ilusão.
Acreditei no que senti, no que vivi.
Acho que você que errou a mão.
A mão que pegou naquela noite.
Foi a minha, a que queria estava ocupada?
Eu nem percebi, gostei e deixei.
Dançamos? Sim, mas dois amigos dançam assim?
Meus sentidos se perderam no seu cheiro.
Você deixou, deitou e rolou.
E negou!
Quando? Quando percebeu que ninguém ligou.
Sentimentos contrários nasceram.
Minha felicidade vibrou, meu corpo era seu.
Foi aí que doeu.
Seu desejo era outro, definitivamente não era meu.
Me arrastou para o final da festa.
Todo mundo percebeu.
Mas eu pensei... Será? Mas será mesmo?
(Essa brincadeira você conhece)
Só que agora, não tinha mais graça.
Era sim, era você me usando sem querer.
Pra alcançar quem você queria.
O que eu senti, naquele momento, você não sentia.
E enquanto esbravejava, nem percebia.
Eu na sua frente e o quanto doía.
Disfarcei como podia.
Uma mana fora do banheiro dizia:
– Só quero dizer que vai passar moça.
Ela nem viu meu rosto, mas a alma sim.
Foi bacana e esse momento, vou guardar de exemplo pra mim.
Acalmei, tentei, te chamei.
Seus ouvidos estavam no meio de uma turbulência.
Não dava mesmo pra me ouvir.
Mas eu estava ali, te segurei, abracei.
E ouvi o seu Não!
Tentei entender.
Me chamou de louca, quase acreditei.
Pensei e repensei.
Não sou louca não.
Fui amiga, fui leal, fui honesta.
Sua frase... " Não beija a minha boca!"
Assim mesmo, imperativa.
Que tapa! Nem sei onde bateu.
Me empurrou com suas palavras.
Mas me abraçou, me apertou, me envolveu.
Ei, rapaz, a louca não sou eu.
Olha aí pra si, quer nadar sozinho? Vai!
Não afoga os outros não.
"Louco é quem me diz... E não é feliz, não é feliz"