NÃO BASTA?

NÃO BASTA?

Não basta ser enganador, também tem que ser espectador

Não basta dizer asneira, também tem que falar brincadeira

Não basta ser corrupto, também tem que saber ser rupto

Não basta todo político enganar, também tem que roubar

Não basta os livros conhecer, também tem que entender

Não basta o olhar acadêmico, também o saber sistêmico

Não basta ser sintético, também tem que ser hermético

Não basta ser um analítico, também tem que ser crítico

Não basta ser chato, também tem que parecer caricato

Não basta ser vegetariano, também tem que ser vegano

Não basta o crente orar, também tem que saber respeitar

Não basta o católico rezar, também tem que ser e mostrar

Não basta ser vil mentiroso, também tem que ser invejoso

Não basta ser vazio, também tem que sentir o solitário frio

Não basta ser gay, também tem que se assumir e ser o rei

Não basta se apaixonar, também tem que aprender a amar

Não basta amar, também tem que sentir o tesão de se doar

Não basta ser insignificante, também tem que ser arrogante

Não basta ter medo, também tem que escalar o alto rochedo

Não basta trabalhar, também tem que, o seu ofício, dignificar

Não basta chorar, também é essencial na vida, se conformar

Não basta dormir, também tem que sonhar o sonho de sorrir

Não basta calar, também é preciso às vezes, mais que gritar

Não basta sofrer, também é necessário saber como resolver

Não basta desejar, também se faz imperioso tentar alcançar

Não basta conhecer filosofia, também tem que viver poesia

Não basta sobreviver, também tem que saber melhor viver

Não basta viver, para além disso, o que vale é transcender

Marco Antônio Abreu Florentino

Prosa poética que faz analogia a um chapéu que tem todas as medidas de cabeças, pensantes ou não, que possam achar que lhes encaixam em alguns dos versos.

https://youtu.be/M4vbJQ-MrKo

(Hey Buldog - Beatles)