E Agora, Náufrago! O que fazer??(3)

Emoções! consigo mesmo e com os outros, na qualidade de vítima, outras vezes algoz, palavras ditas e não ditas, a miscelânea foi ficando densa na mente do viajante. Nos dias, a mistura dos ingredientes era feita pelo pensamento ativo e desgovernado, que se fosse para simbolizar o processo, diria que a combustão, queima das emoçoes, tanto positivas como negativas, levava aos resultados destrutivos à Alma; sintomas da angústia, do desespero, do ódio, da ira, do rancor.

O jovem quebrava com o ímpeto do leão paus e pedra em prol daquilo que acreditava, no afã do momento. Na inconsequência, típica das primeiras décadas de vida, trazia na ressaca, depois que o sol se punha, o frescor das ideias, aparecendo as imaturidades, excessos, dores, nos outros e em si, mas logo se autoafirmava com as respostas prontas que tinha dentro, emprestadas do mundo, estavam fresquinhas, recitava todas para si em cada questão.

Mesmo que a paz não o visitava, acalentava por algum tempo o coração, às vezes da culpa, outras da mágoa, muitas outras da inveja, ciúme, covardia e demais mazelas da personalidade capenga.

Vivia os picos de sentimentos e sensações provindos da alegria, do amor, da gratidão, da paz, da festa, do regozijo, da fama, do sucesso, da riqueza, da conquista, do agrado e do carinho, mas também o contragosto das sensações e as altas dos sentimentos decorrentes da ira, da ambição, da inveja, do ciúme, do orgulho, do poder, da vingança, da humilhação, da derrota, do vexame, das traições, das trapaças, da inércia, e das perdas.

E a orquestra começou, os vícios adquiridos pelo uso frequente e descontrolado das emoções, compuseram a música nefasta que tomou conta do ambiente sagrado do coração e da mente, o desespero, a angústia, angústia...angústia! incompletude, o “não se bastar com nada”.

Estava o corpo e o cérebro em atividade sem os refletores acesos da alma, que tinham sido ofuscados pelo trabalho mal feito consigo. Somado à coleção que elencava as carências: da necessidade do ser aceito, querido, amado, desejado, entendido, aquelas sensações da infância voltaram, aflorando a busca inconsequente pelo poder destrutivo, a cobiça, a avareza, e demais da espécie.

Nesta altura não conseguia acreditar mais nos pais para autoafirmação ocorrer.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 06/06/2017
Código do texto: T6020241
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