PUNHAL PONTIAGUDO
Naquela noite apareceu,
um grande sinal à minha frente.
Vi o céu rasgar seu manto
em duas grandes partes,
que se enrolaram para lados opostos.
Em seguida, surgiu uma forte luz,
fazendo-me vedar os olhos com as mãos.
De dentro da luz, ouvi uma voz me dizer:
_Não tenha medo e olhe para mim.
Quando abri novamente os olhos,
eu confesso que não acreditei.
Pois ali, bem a minha frente,
estava a mais linda de todas as mulheres,
jamais vista por nenhum outro ser vivo, antes.
Ela se vestia com o sol,
enquanto tinha como seios,
duas grandes luas de prata.
Seus olhos brilhavam como ouro,
e seus lábios vermelhos qual o sangue,
sorriam para mim,
mostrando-me seus dentes de diamantes, muito bem alinhados e alvos.
Em seus cabelos carregava metade das estrelas do firmamento,
e ainda trazia à sua direita, todas as flores do universo,
juntamente com a outra metade
de todas as estrelas, galáxias e astros do infinito.
Enquanto à sua esquerda, segurava um punhal pontiagudo.
Ela, então sorria para mim, enquanto me oferecia estrelas e flores como atrativos
e com os lábios já úmidos e ávidos de desejos por me devorarem em beijo fulminante.
E assim magnetizado por sua beleza, não tive outra solução em vista a não ser caminhar em sua direção.
Logo dei o primeiro passo, ouvi uma segunda voz gritar.
-Pare!
Por favor, não faça esta loucura!
E surpreso percebi, que vinha em minha direção,
em sentido contrário uma segunda mulher.
Desta vez, muito humilde, mal vestida, e com os cabelos desgrenhados e em desalinhos, que a chorar, se pôs de joelhos a meus pés, e em seguida começou a me falar.
_Meu filho,
Esta mulher tão formosa, exuberante e que te atrai tanto, tanto, pode não ser a razão de sua tão preciosa vida.
Não tome uma atitude tão precipitada.
Tenha um pouco mais de reflexos.
Se ela realmente o deseja, porque então trás consigo,
um punhal pontiagudo à sua mão e não o seu próprio coração, para lhe presentear nesta noite?
E dizendo- me estas palavras, tirou de seu pescoço um crucifixo e o colocou em meu peito, carinhosamente a me dizer:
-Tenha sempre muito cuidado com tudo que parece ser,
Pois nem tudo que reluz é ouro e um passo em falso lhe
fará arrepender se eternamente.
E mal terminou de me dizer essas palavras, a outra, que era tão esplêndida, soltou um enorme grito de indignação e se lançou em minha direção.
Agora somente com o punhal pontiagudo em suas mãos e o coração transbordando de furor e cólera.
E foi neste exato momento que acordei, com minha querida mãe acarinhando meus cabelos e me pedindo para que eu me acalmasse e que voltasse a dormir em paz.
Pois ela estaria sempre ao meu lado, para me fazer ninar, com as mais lindas canções maternas.
Pois o pesadelo já havia passado e minha criança agora já podia dormir mais tranquila.
Nova Serrana (MG), 18 de dezembro de 2004.