E Agora, Náufrago! O que fazer!!? (2)
Olhar a própria alma através do espelho...este negócio nunca foi tão prático assim. O moço nasceu como os demais, acordou neste mundo depois de sair do ventre da mãe, com tudo pronto. Foi petiscando cultura, modo de ser, estar, fazer, conviver, dentro e fora da família, junto, se fartou do afeto de pai e mãe. Foi “catitado”, mimado, protegido, colocado no lugar da individualidade merecida no pequeno grupo familiar, brincou com bola, carrinho, além assistir aos desenhos na TV.
Delícia!! Não enxergava além disto, a única dificuldade era ter que se levantar e dirigir a escola...mãos endurecidas pelo frio intenso de inverno. A catapora, “gripe chorona”, sarampo, rubéola, dor de ouvido, de garganta, logo que passava o pico e regresso ao estado de saúde, nem se lembrava mais do sofrimento, o esquema para se manter no estado de felicidade, no “está tudo certo”, ainda estava armado.
Mas! Começou fazer pequenas viagens sozinho, pensar por si, dividir o que eram seus gostos e os dos outro, coincidindo com o desencanto com as atividades da infância; o andar, a cor dos cabelos, características suas e dos amigos, fizeram o egresso da vida de menino começar a ter os primeiros contatos com o espelho.
A exigência começou, as comparações com outras individualidades, o ideal que passou imaginar como perfeito, “colcha de retalho” que adotou, emprestado do mundo e das pessoas do convívio criou vida e fala, ao ponto de passar dominar seus gostos, dizendo o que era bonito e feio, certo e errado.
Saiu da esfera do “Eu posso”, “Eu gosto”, “Sou bonito(mamãe e papai dizem), dirigiu seu barco para alto mar, seu interior, o “ a que veio” convocou-o para a viagem, sem garantia que voltasse um dia.