Passa o vento, folhas caem, tudo morre, nada muda...
Tira-me do peito está dor incógnita,
esse braço pesado que me sufoca a garganta!
Liberta-me desta prisão em que minhas mãos se esfacelam contra as grades!
Quanto peso! Quanta mágoa não cabida num só ser...
Quanta dor que não entendo!
Quanto tempo perdido com lágrimas e sofrimento sendo que lá fora a lua brilha como todos o dias,
os pássaros cantam com o mesmo vigor, e as estrelas e o sol somem como tudo,
e tudo passa, passa o vento, folhas caem, tudo morre,
nada muda...
Por Deus, o que é que estou fazendo neste mundo?
Para quê ei de me estar aqui?
Não sei se fico ou se vou.
Se a curva da estrada trará o que sempre busquei - se não,
pelo menos entenderei,
que aqui sempre fora o paraíso que sonhei,
Que me importa é a verdade!
O que é a verdade? Me deem ela! Pois eu não suporto, como Nietzsche, ter que criar a minha...
Sou apenas um grão de areia. Que sei eu das coisas da vida!
Sou tão esquecido e pequeno como o pó das estantes que ninguém vê...
Quero dormir. Esquecer...
Minhas vísceras se contorcem, meus nervos pulsam,
meu corpo inteiro balança na cama inquieto, fatigado, como se eu o estivesse fazendo sofrer por baixo da pele...
Quero dormir.
Pois dormir é o que mais amo fazer,
E às vezes, não consigo,
É por isso que escrevo...