A morte do poeta.

 

            Então foste tu, ó coração maldito, tu que de contínuo feres a minha alma, afligindo-a com angústias intermináveis. 

            Foste tu, ó coração maldito, que me enganavas o tempo todo, foi tu o perverso coração; tu que roubastes a alegria dos meus lábios, és tu que provocas as minhas lágrimas, estou cansado de sofrer.

            De gritar já não aquento mais, o mundo desabou sobre os meus pés, não suporto mais a dor que me corrói por dentro. 

            O que eu mais desejo neste momento, ó coração pérfido, é apenas derramar muitas lágrimas, quero que o meu ser se acabe em tristeza profunda, quero caminhar nesta estrada de dor até não ser mais visto; traiçoeiro sentimento que me desnuda. 

            Crave em meio seio à adaga cruel, as lâminas de todas as espadas, cravem para sempre em meu peito, vida desventurada e cheia de venenos.

Hoje quero apenas a solidão, 

Embriagar-me no cálice da dor, 

E gritar de amor, 

No silêncio vermelho de meus olhos. 

            Não compreendendo este mundo complexo, com todas essas pessoas confusas e distantes, não compreendo este mundo que existe dentro de mim, eu mesmo o criei e confesso que não o compreendo; não quero mais viver nele.

Que sejam essas, 

Minhas últimas palavras poéticas, 

Que nenhum mortal, 

Leia outro verso meu,

Este poeta hoje morreu para o mundo, 

E talvez ele nasça para si mesmo. 

 

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 02/06/2017
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