Eu bem que te vi
Não sei se vou conseguir voltar, sem te abraçar,
Você não vai acreditar que eu te conheci,
sei, nesta cidade eu não vou ficar,
Aqui não é o meu lugar, me senti perdida,
em qual rua
em qual esquina
em qual cena...
Não sabe onde eu já vim parar, só para te ver.
Foi de longe, do jeito que um dia te falei,
Segui os teus movimentos todos, desde cedo,
Eu te vi...
Segui o canto do bem te vi,
Curiosa fui e sou. Se tu me viu, eu não sei.
Desculpa, invadi a tua privacidade.
Gostei do que vi, não te senti, mas te vi.
Estou deixando hoje, a tua cidade.
Mas não consigo te deixar assim,
desajeitado, tímido, silencioso,
engraçado, paradoxo em cordialidade, lindo,
receoso, nenhum pouco apaixonado.
Desta vez você não fez nenhuma poesia rabiscada
no guardanapo, e nenhuma grosseria,' sangue quente você.
Ah como desejei correr e te abraçar, arriscar.
Bateu uma saudade danada! De uma sonhada alegria,
De um dia, e de tantos outros dias...
Dos tempos em que pude sonhar com ' nós dois'
Voltei sozinha para o meu mundo,
Saí fugindo pelas janelas,
E ao fundo, sorrateiramente, o teu vulto eu pude olhar!
Sonhei com teu riso dirigindo-se a mim,
Depois entrei no túnel da minha ilusão
e só eu sei o quanto sofri
quando voltei sem nada nada nada de ti.
Não acredita?
Pois tenha a certeza, tomando um café da tarde,
em um canto da mesa solitária, juro;
Eu te vi. Bem que te vi,
Que hora foi, não posso dizer,
Porque foi, como foi? Também não.
Eu não podia encerrar essa história só com um não.
Você sabe mais do que ninguém, o porquê,
Mas eu não poderia morrer, sem te ver,
e tu sabes como eu, o meu jeito arrebatado, exagerado,
Ousadamente, furando as regras, hoje, eu te vi.
Acho que vou voltar, sem a coragem de ir te abraçar.
_ Liduina do Nascimento