MATUTO MATUTANDO
SE BEIJO NA BOCA NÃO FAZ MENINO?
SE RAPADURA NÃO MATA A FOME?
SE GALINHA NÃO FOGE DO NINHO?
HAAA QUANTAS DÚVIDAS!
E TODAS ME CONSOMEM!
NESSE MUNDO DE MEU DEUS,
ONDE A CHUVA É COISA RARA,
ONDE A LUA REFLETE A BRASA,
LUGAR ONDE O HOMEM COME E NÃO CASA,
EM QUE MAIS POSSO ACREDITAR?
HAAA QUANTAS DÚVIDAS!
E TODAS ME CONSOMEM!
NO NÓ FEITO DE CIPÓ?
NA ASSOMBRAÇÃO QUE VEJO NA MATA?
NA PANELA QUE NÃO SE USA?
OU NA BOCA DE UMA CIGARRA?
HAAA QUANTAS DÚVIDAS!
E TODAS ME CONSOMEM!
LAMPARINA NÃO DÁ A LUZ!
NO PEIXE QUE MORDE A ISCA?
NO MENINO QUE LER E NÃO ESCREVE?
NA VIÚVA DE MARIDO VIVO?
OU NA CASADA QUE FOGE DE MADRUGADA?
HAAA QUANTAS DÚVIDAS!
E TODAS ME CONSOMEM!
SE PADRE NÃO É SANTO,
SE O SANTO É DE BARRO,
SE A FÉ JÁ NÃO CURA,
EITA! QUE SÓ DEUS NOS SEGURA!
EU QUE SOU MATUTO MATUTANDO,
DESCOBRIR TUDO NA VERDADE DE MENTIRA,
OU NA MENTIRA QUE TRAZ A VERDADE?
NO CEGO QUE VÊ MAIS QUE O OLHEIRO,
OU NO OLHEIRO QUE NÃO VÊ UM PALMO NA FRENTE
DO SEU NARIZ?
ETA! QUANTAS DÚVIDAS!
E TODAS ME CONSOMEM!
DAYSE RAVEL