Diálogos de solidão sentida
Respingos de chuva nos beirais da janela, reluzem olhares que passeiam a paisagem através dela.
Têm saudades penduradas no verde quieto das folhas.
Têm verdades nos anjos, mentiras nos homens.
Bailam carícias entre as nuvens que choram.
Acalanto sublime que germinam sementes na terra.
Vastidão de sentimentos, se confundem no amor que todo mundo sente, mas quase ninguém entende que amar é tão mais intenso e necessário, do que o que fazem as pessoas entre si, ultimamente.
Elas não mais se doam, nem doem,
apenas se escoam e ecoam no grito que pede afago.
Da janela pendem desejos e no horizonte a chuva se mostra magistral. Ternura, supremacia, na mais cândida leitura da vontade de ser feliz.
O dia traz consigo o cristalino e o cinzento.
As coisas mais simples se mostram felizes: rastros que se apagam no molhar; pedaços de papéis que se sentem navios na enxurrada, indo para os bueiros; histórias que se pendem nas goteiras do telhado; os bancos da praça parecem conversar entre si; diálogos de solidão sentida.
Da janela se mostram os olhares e a chuva continua a cair...