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Hoje foi um dia sem sol aparente, porque ele se escondeu entre as nuvens.
A lua cheia está lá e alumia a noite minguante.
O inverno quase invade tudo. O corpo treme e a alma trêmula.
A alma reformula a magia constantemente do tempo de seca que seca o que pode.
O templo do amor está intacto, não sofre o impacto das milhas na alma puída.
O lago sereno com ares de preguiça, guarda em segredo uma ebulição.
Há uma absolvição, não requerida, do pecado antes de ser cometido.
O inferno está sob a bênção divina; ele só existe por permissão celestial.
A natureza é obra do Universo e o útero não rejeita seu feto perfeito.
A gata come imediatamente sua cria mutilada para poupar uma vida inútil.
A sabedoria habita o sertão daquele olhar que vê a presença da lua na noite.
A melancolia aceita apática o fato de que dois polos iguais não se atraem.
O cansaço de ser uma agonia feliz reina soberano na certeza de ser eterno.
Algumas vezes o que parece ser gramado verdejante é apenas campo minado.
Está tudo perfeitamente na desordem necessária para a sobrevida mofada continuar...